ETHOS DISCURSIVO DO PROFESSOR CONSTRUÍDO EM VEJA

Rita Alves Vieira

Resumo


A inquietação e curiosidade em pesquisarmos sobre como se dá a construção do ethos do professor por meio da mídia, mais precisamente a partir de matérias da revista Veja, movimentou a produção do presente trabalho. Para tanto, adotamos conceitos como o de ethos, focando no ethos dito e, principalmente, no discursivo por ser este o conceito central da nossa proposta, conforme postulada pelos estudos do discurso de suporte teórico-metodológico do francês Dominique Maingueneau. Também pesquisamos sobre mídia, já que o corpus selecionado para análise foi extraído de uma revista impressa de circulação nacional no caso. Assim, este artigo adota o objetivo geral de averiguar como o citado periódico projeta o ethos do professor enquanto sujeito ensinante, mas também integrante de uma realidade socioeconômica, cultural, educacional. Para tanto, foram analisadas duas matérias: uma de autoria de Gustavo Ioschpe, publicada em dezembro de 2007, sob o título “Professor não é coitado” (corpora 01); a outra, “Você sabe o que estão ensinando a ele?” (corpora 02), produzida por Mônica Weinberg e Camila Pereira, publicada em agosto de 2008. A primeira matéria analisada desconstrói o ethos do professor conhecido, historicamente, em nosso país como um profissional de grandes lutas políticas, ideológicas, salariais, educacionais, tantas outras, dada sua insatisfação (às vezes velada) ou dada sua resistência ao descaso histórico de autoridades para com a educação brasileira. A segunda, não age muito diferente da primeira matéria, à medida em que promove a “falsa” projeção de um ethos do professor como um profissional satisfeito com a realidade de sua profissão. Ainda neste enunciado analisado, as autoras responsabilizam o professor, entre outros atores deste elenco educacional brasileiro (por exemplo, pais), pela desqualificação e fracasso do nosso ensino, o que desconstrói o ethos do professor batalhador, responsável, com histórico de lutas por melhores condições de vida e de trabalho, tudo isso somado às dificuldades por que passa diante das limitações do processo e do sistema no exercício de sua profissão.


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