PRÁTICAS TRANSGRESSORAS DE ENSINO DA LITERATURA: DESCONSTRUINDO A LINGUA(GEM) EM REDE EM BUSCA DO LEITOR-AUTOR

Elisabeth Almeida Amorim, Nazarete Andrade Mariano

Resumo


Este artigo visa discutir o ensino da literatura associado a outros signos e linguagens como instrumento de reflexão sobre o fazer leitor-autor, num cenário educacional marcado pelas diferentes sensações de (im)potências e carências de ações singulares. Dessa forma, pretende-se ampliar a investigação sobre as táticas inventivas e transgressoras utilizadas por estudantes da educação básica com o uso das tecnologias digitais, como uma ação política de desconstrução do literário para evitar o aprisionamento.  A discussão sobre a literatura aliada a semiótica no espaço virtual, além da fuga da captura do literário, modifica o status do autor quando o texto passa de uma série para outra nas mãos dos estudantes. Assim, ao optar pela teoria da intersemiose em consonância com a teoria da desconstrução sob o viés da crítica cultural, nomes como: Jacques Derrida(2001;2014), Roland Barthes(2001), Osmar Moreira dos Santos(2016), Roberto Seidel(2017) e Giorgio Agamben(2009) se farão presentes. Através de vídeos produzidos por estudantes da educação básica, como resultados da junção literatura e semiótica, para o estudo de caso, utilizou-se também de produções estudantis no ambiente virtual, mais especificamente do site Recanto das Letras, no qual o leitor transforma-se em autor, posteriormente, leitor-autor. Percebe-se que a transvaloração do signo literário promove a autonomia do estudante, contribui com a afirmação de identidade, rompe com o ensino da tradição, aponta um novo olhar para o ensino da literatura e para o estatuto do autor na sociedade contemporânea.

 


Palavras-chave


Ensino; Literatura; Desconstrutivismo

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Referências


Em relação aos discursos científicos precedentes, Saussure opõe o princípio da imanência, o do sistema e o da forma. Por causa disso, foi acusado de esvaziar a linguagem de sua dimensão histórica, de não levar em conta o sujeito da linguagem. No entanto, é preciso esclarecer que o Curso se opõe ao organicismo da Linguística histórica de sua época, que considerava que a linguagem tinha fundamentos biológicos e inseriria a Linguística entre as ciências naturais. (FIORIN; FLORES; BARBISAN, 2013, p. 09)

...Mas a própria linguística, um pouco como a economia está em vias de estourar, parece-me, por dilaceramento: por um lado, ela está atraída por um pólo formal, e segundo essa inclinação, como a economia, formaliza-se cada vez mais; por outro lado ela se apodera de conteúdos cada vez mais numerosos e cada vez mais afastados de seu campo original... quer por excesso de fome, escanifrada ou empanzinada, a linguística se desconstrói. É essa desconstrução da linguística que chamo, quanto a mim, de semiologia. (BARTHES, 2001, p. 29)

A experiência de “desconstrução”, de questionamento, de leitura ou de escritura “desconstrutora” de nenhuma forma ameaça ou lança suspeita sobre o enjoyment. Acredito justamente o contrário. Sempre que há “gozo”...há “desconstrução”. Desconstrução afetiva. A desconstrução talvez tenha como efeito, senão como missão, liberar gozo proibido. (DERRIDA, 2014, p. 84-85)


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