As evoluções do público de teatro na França e na Paris do século XIX: um ensaio de abordagem indireta
Resumo
A segunda metade do século XIX é marcada por diversas transformações do teatro que modificaram a composição de seu público. Esse torna-se mais burguês à medida que novos espetáculos concorrentes (music-hall, café-concerto, cabaré, espetáculos de rua e esportivos, etc.) atraem as camadas médias ou populares. O aumento dos custos relacionados às novas técnicas e cenas mais elaboradas e o crescente aumento do cachê das celebridades, a elevação das despesas, obrigou os diretores a aumentar o preço dos ingressos e procuraram investir em séries longas, o que acentua ainda mais a elitização. Essa análise clássica, amplamente aceita na literatura atual, tem a desvantagem, porém, de reduzir a definição de público às suas características econômicas (poder de compra), ao seu nível de exigência cultural e a uma psicologia social reduzida ao utilitarismo. Na ausência de investigações objetivas na época, a origem dessa perspectiva reside nas avaliações dos principais agentes do campo do teatro em funções de situações críticas. Eles tendem a tornar o “público” o bode expiatório conveniente por seus erros de cálculo ou decepções. O historiador dos espetáculos ainda permanece amplamente dependente das representações ou lugares comuns elaborados nas últimas décadas do século XIX e que se encontram, com algumas leves variações, em cidades e contextos tão diferentes quanto Paris, Londres, Berlim ou Viena. Para tentar ir além desses lugares comuns intercambiáveis, vamos tentar aqui uma abordagem indireta baseada em índices objetivos e comparações entre vários contextos e tempos, mesmo se dependermos mais especificamente dos casos franceses e parisienses em que essa difamação pública é a mais difundida e se espalha precocemente.
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