Acolher o outro: Notas sobre a comunicação em Nabert e Ricoeur
Resumo
Nesse texto, nós pretendemos explorar o tema da acolhida do outro a partir do problema da comunicação. Em variados contextos, frequentemente predomina a compreensão de que dialogar, ouvir e considerar os pontos de vista de uma alteridade seja coisa natural e factível. No entanto, a realidade das relações humanas insiste em trazer evidências na direção contrária. Tanto no plano micro das relações interpessoais, como no plano macro das relações políticas nacionais e internacionais, abundam exemplos de situações em que a conversa e o diálogo falharam, seja porque o falante não conseguiu expressar o que queria, por mais que dominasse o idioma, seja porque o interlocutor não conseguiu acolher o discurso do falante, mesmo tendo compreendido o seu significado linguístico. Assim, a discussão que propomos tem como eixo a pergunta: o que realmente significa comunicar? E, além disso: o que é lícito esperar da comunicação a fim de promover o encontro com a alteridade da maneira mais efetiva possível? Buscaremos respostas para essas perguntas a partir de dois filósofos franceses contemporâneos que, ao se indagarem sobre a humanidade dos seres humanos, elegeram as relações com a alteridade como elemento central na constituição da própria subjetividade: Jean Nabert (1881-1960) e Paul Ricoeur (1913-2005). As elaborações de ambos partem da constatação lúcida de que a verdadeira comunicação não é a regra das relações humanas, mas a exceção, o “milagre”. Apesar disso, ela é caminho indispensável para o encontro legítimo com a alteridade e o consequente “acréscimo de ser” no sujeito.
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DOI: https://doi.org/10.26694/pensando.v12i26.12649
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