Uma avaliação contemporânea das críticas de Rousseau à ciência
Resumo
No Discurso sobre as Ciências e as Artes, seu primeiro discurso, Rousseau defende a polêmica tese de que o progresso das ciências e das artes, contrariamente ao que pretendia o Iluminismo, estava contribuindo mais para a degeneração dos costumes e da sociedade do que para seu aperfeiçoamento. O Primeiro Discurso foi escrito em 1749, há quase 300 anos. Nesse período, a ciência e a nossa compreensão sobre ela mudaram profundamente. Mais importante, nesse período surgiu da ciência algo imprevisto para Rousseau no Primeiro Discurso: a tecnologia moderna. A proposta deste trabalho é, pois, revisitar as críticas de Rousseau à ciência com um olhar contemporâneo, buscando avaliar o quanto daquelas críticas ainda faz sentido nos panoramas científico e social atuais. Para tanto, classificamos esquematicamente as críticas de Rousseau em dois grupos: as que acusam a inutilidade das ciências e as que acusam como nociva a sofisticação que as ciências produzem na sociedade. Defenderemos que o surgimento da tecnologia moderna tornou obsoletas as críticas quanto à inutilidade ao mesmo tempo que potencializou as críticas quanto à sofisticação. Assim, uma parte importante de suas críticas à ciência pode ser recuperada, vestida em nova roupagem e aplicada justamente na crítica à tecnologia.
Abstract: In the Discourse on the Arts and Sciences, his first discourse, Rousseau supports the polemical thesis according to which the scientific and artistic progress were contributing more to moral degeneration than to the improvement of society. The First Discourse was written in 1749, almost 300 years ago. Since then, science and our understanding of it have changed completely. More important, in this period something new and unpredictable from Rousseau's view point has emerged from science: modern technology. In this essay, thus, we intend to review Rousseau's criticisms of science from a contemporary perspective to evaluate if they are still appropriate in face of our transformed society and science. To do so, we classify Rousseau's criticisms in two groups: those which claim that science is futile and those which blame science for the sophistication of society. We argue that the emergence of technology has become obsolete the criticisms of the first group meanwhile has made powerful those of the second group. Consequently, as we intend to show, an important part of his criticisms of science can be useful to criticize modern technology.
Keywords: Science. Technology. Rousseau.
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DOI: https://doi.org/10.26694/pensando.v5i10.2733
DOI (PDF): https://doi.org/10.26694/pensando.v5i10.2733.g1866
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